Economia

Auxílio emergencial impulsiona 75% do crescimento na construção civil

06 NOV 2020

É o que indica estudo da Juntos Somos Mais, joint venture da Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre.

O auxílio emergencial pago pelo governo federal foi um dos principais fatores responsáveis por impulsionar cerca de 75% crescimento no setor da construção civil. E a expectativa é positiva para 2021.

No início da pandemia, foi um dos setores que mais sofreram impacto negativo no volume de vendas.

A pesquisa indica que o setor teve uma performance aproximadamente 30% melhor do que no período pré-covid. E que 89% acreditam que este ano será de crescimento no faturamento versus o ano anterior.

O auxílio emergencial foi responsável por 75% do crescimento do setor e se espera um crescimento de 10% no faturamento este ano.

Com um ecossistema que reúne mais de 80 mil varejistas, 500 mil profissionais da construção civil em todo Brasil e mais de 20 empresas de serviços e indústrias ligadas à construção civil, a Juntos Somos Mais vem acompanhando o desempenho do setor ao longo dos meses.

Cenário

A alta na demanda e a mudança de perspectivas implicaram em desafios de produção para a indústria. 

Em outubro de 2020, 66% das indústrias indicaram ter aumentado a produção, com 44% operando no limite produtivo. 

Além de restrições de capacidade produtiva, também há dificuldades em se conseguir matérias primas como embalagens, cobre e outras. 

As lojas de material de construção têm então indicado falta de produtos e o preço tem subido como atesta o CUB Médio Brasil, indicador de custos da construção, que registrou em agosto de 2020 um aumento de 1,24% em relação a julho do mesmo ano, configurando o maior aumento percentual de um mês em relação ao anterior desde junho de 2016.

Momento

Segundo a Juntos Somos Mais, existem vários fatores contribuindo para o desempenho do setor. 

O primeiro está ligado a uma mudança de comportamento do consumidor que, estando mais tempo em casa, tem valorizado mais a sua casa e classificado "pequenas reformas" como um "item importante, não supérfluo". 

A taxa de juros nos menores patamares da história conjugada com um déficit habitacional que cresceu de 2012 a 2017 (último dado disponível) também tem motivado a demanda por obras e reformas.

Transformação

Para concluir que o auxílio emergencial promoveu 75% de crescimento no setor, foram analisados dados internos e de indicadores como a Pesquisa Mensal de Comércio e a Pesquisa Mensal Industrial do IBGE, do SNIC (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento), ABECIP (Entidades de Crédito Imobiliário) e ABRAINC (Incorporadoras Imobiliárias). 

Ivan Ormenesse, responsável pela área na Juntos Somos Mais, explica:

- O setor deve continuar se beneficiando do aporte gerado pelo auxílio emergencial. Estimamos que por volta de 17,3% do faturamento do setor entre maio e agosto de 2020 tenha vindo desta fonte.

Complica

Atenta que o fim do auxílio emergencial, consequentemente, traz incertezas sobre cenários de crescimento no próximo ano. 

Ainda assim, 89% das indústrias pesquisadas esperam aumento de faturamento em 2021, sendo que 33% esperam crescimento acima de 10%. 

A falta de material, entretanto, não deve se repetir na mesma escala atual, já que a expectativa das indústrias pesquisadas é que 78% conseguirão atender a demanda.

Sinaliza Antônio Serrano, CEO da Juntos Somos Mais:

- A construção civil é uma indústria que depende das expectativas futuras para projetar seu crescimento. Nos últimos anos o setor sofreu com queda de PIB e aos poucos aprendeu a viver na crise.

Completa:

- O desempenho nos últimos meses foi surpreendente, porém o ano foi atípico e devemos estar preparados para diversos cenários em 2021. O pequeno varejista da construção fez rapidamente sua lição de casa, se adaptando a vendas remotas, mas precisa avançar de forma mais estruturante em gestão e digitalização do seu comércio.

Autor(a): Eliana Lima



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