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Covid: notícias matam antes de óbito confirmado

02 JUL 2020

Muito dos costumes está mudando com a ameaça invisível aos olhos chamada novo coronavírus.

Por mais que não se queira, como diz a máxima, a necessidade faz o homem.

E uma das mudanças, que acredito estar por vir, é na comunicação.

Com o advento das redes sociais e dos blogs, a sede por acessos provoca um pandemônio de informações. Inclusive fake news, as tais notícias falsas.

A ânsia por conquistar leitores e ganhar holofotes passa pela chamada notícia em primeira mão. E aí mora muito perigo.

A notícia em tempo real muitas vezes deixa para trás um item necessário: o tempo de checagem da informação. 

Risco de se cair numa armadilha chamada no jornalismo de "barriga". Em vez do furo, uma furada.

Como aconteceu - no cenário mais recente - com a morte de Wanderley Mariz, hoje (2), aos 79 anos, vítima da covid-19.

Na corrida pela informação em primeira mão, 'morreram' o ex-deputado federal antes dos médicos confirmarem o óbito.

Isso porque ele estava, desde ontem (1º), com morte cerebral, mas faltava cumprir com os protocolos exigidos para a certeza de que o quadro não tinha mais solução.

Assim, os aparelhos foram desligados e o coração parou.

Pois é. O cérebro estava morto, mas o coração batia.

Ou seja: existia vida.

Sempre oriento meus colaboradores de que a maior importância no portaldaabelhinha não são os chamados furos de reportagem. Claro que são a obra-prima do jornalismo, mas o mais importante é a veracidade da notícia.

E para publicá-la deve-se, como aprendi nos bancos da faculdade de Jornalismo da UFRN, checar a informação que se tem com pelo menos três fontes.

Hoje em dia, na corrida pelo furo em tempo real, a realidade muitas vezes fica desencontrada do fato.

Autor(a): Eliana Lima



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