13 FEV 2025
Jasiane Silva Teixeira, conhecida como “Dona Maria”, tornou-se um dos nomes mais temidos do crime organizado na Bahia. Apontada pelas autoridades como a maior traficante de drogas e armas do estado, ela acumulou uma extensa ficha criminal, com suspeitas de envolvimento direto e indireto em aproximadamente cem homicídios, segundo fontes da Polícia Civil.
A ascensão de “Dona Maria” ao topo do crime organizado começou após a morte de seu companheiro e antigo chefe da facção Bonde do Neguinho (BDN), “Pezão”. Assumindo o controle da organização, ela expandiu suas operações para além da Bahia, estabelecendo conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das facções mais poderosas do país.
O império do crime e a rede de mortes
Além do tráfico de drogas e armas, a atuação de Jasiane incluía crimes como extorsão, corrupção de menores, falsidade ideológica e encomenda de execuções. De acordo com investigadores, grande parte das mortes atribuídas à sua facção ocorreu por disputas territoriais, acertos de contas e execuções de informantes.
A polícia acredita que “Dona Maria” mantinha uma rede de pistoleiros responsáveis por eliminar rivais e desafetos. Testemunhas protegidas relataram que ela ordenava execuções com frieza, sem demonstrar remorso. Em alguns casos, as vítimas eram torturadas antes de serem mortas, como forma de intimidação a outras facções criminosas e possíveis delatores.
“Ela não apenas administrava o tráfico, mas decidia quem vivia e quem morria. Quem não cumpria as regras da organização era eliminado”, revelou um delegado que participou das investigações.
A primeira prisão e a fuga
Em 2019, “Dona Maria” foi capturada em uma operação da Polícia Civil na Bahia. Durante a prisão, foram apreendidos celulares com mensagens que indicavam sua participação direta na logística do tráfico e na organização de assassinatos. No entanto, em 2020, conseguiu um habeas corpus concedido pelo Tribunal de Justiça da Bahia e foi solta. Desde então, ela estava foragida.
Mesmo longe da Bahia, Jasiane manteve influência na facção e continuou a comandar suas operações à distância. A polícia interceptou comunicações em que ela orientava subordinados sobre carregamentos de drogas e execuções de desafetos.
A nova prisão e a possível reviravolta
A caçada a “Dona Maria” chegou ao fim em janeiro de 2025, quando ela foi presa em um apartamento de luxo na cidade de São Paulo. No momento da abordagem, agentes encontraram R$ 66 mil em espécie, celulares e anotações detalhadas sobre o tráfico.
A nova prisão pode representar um ponto de virada na luta contra o crime organizado na Bahia. Investigadores esperam que a detenção da líder criminosa desestabilize o Bonde do Neguinho e enfraqueça sua conexão com o PCC.
Agora, Jasiane Silva Teixeira enfrentará um longo processo na Justiça. Com uma ficha criminal extensa e suspeitas de envolvimento em aproximadamente 100 mortes, a expectativa é que ela cumpra uma pena severa, sem as brechas jurídicas que permitiram sua liberdade no passado.
As autoridades seguem monitorando os desdobramentos da prisão, temendo represálias do BDN. Enquanto isso, a população da Bahia aguarda para ver se a queda da líder trará alívio a uma região marcada pelo medo e pela violência.
Autor(a): BZN