24 MAR 2021
A informação é da Piauí. Diz que um "grupo de políticos e empresários, a maioria ligada ao setor de transporte de Minas Gerais, e seus familiares" tomarm ontem (23) a primeira das duas doses da vacina da Pfizer contra a covid-19, em Belo Horizonte, capital mineira.
Como conseguiram? Segundo o veículo,, eles "compraram o imunizante por iniciativa própria e não repassaram ao SUS (Sistema Único de Saúde). A segunda dose está prevista para ser aplicada nas cerca de cinquenta pessoas daqui a trinta dias. As duas doses custaram a cada pessoa 600 reais".
Pessoas que se vacinaram na ocasião disseram que "os organizadores foram os irmãos Rômulo e Robson Lessa, donos da viação Saritur. Uma garagem de uma empresa do grupo foi improvisada como posto de vacinação. A piauí telefonou e mandou mensagem para Rômulo Lessa, que não respondeu. A revista atualizará a reportagem se obtiver resposta".
À Piauí, o ex-senador Clésio Andrade, ex-presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), um dos beneficiados, disse que está com "69 anos, minha vacinação [pelo SUS] seria na semana que vem, eu nem precisava, mas tomei. Fui convidado, foi gratuito para mim”.
A Piauí lembra que o "Congresso aprovou há cerca de vinte dias uma lei que autoriza a compra de vacinas pela iniciativa privada, mas determina que todas as doses devem ser doadas ao SUS até que os grupos de risco – 77,2 milhões de pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde – tenham sido plenamente imunizados em todo o país. O Brasil vacinou menos de 15 milhões de pessoas até agora. Mesmo depois da imunização dos grupos prioritários, as vacinas compradas pela iniciativa privada devem ser divididas meio a meio com o SUS, numa operação fiscalizada pelo ministério. A pasta foi procurada, mas ainda não respondeu ao questionamento da reportagem".
O projeto aprovado é de autoria do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), "cuja família é do ramo dos transportes em Minas Gerais. Procurado pela reportagem, ele respondeu: “Desconheço completamente esse assunto.” O projeto teve tramitação a jato no Congresso e, em uma semana, foi aprovado nas duas Casas. Dias depois, o presidente Jair Bolsonaro o sancionou. Após a publicação da reportagem, o presidente do Senado afirmou que “a matéria não foi feliz quando me insere num fato do qual nem de longe participei e que, se existiu, não concordo. E a lei referida não admite vacinação privada, mas aquisição de vacina para doação ao SUS”.
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Autor(a): Eliana Lima