Justiça

Ex-diretor da PRF nega ordem para barrar eleitores no Nordeste em 2022

25 JUL 2025

Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, negou nessa quinta-feira (24) ter determinado operações de fiscalização com o objetivo de impedir o deslocamento de eleitores durante o segundo turno das eleições de 2022. O depoimento ocorreu no âmbito da ação penal que investiga a suposta tentativa de golpe de Estado após a derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Vasques, réu no chamado núcleo 2 da denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), foi interrogado por videoconferência pelo juiz auxiliar Rafael Tamai, que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo as investigações, o então diretor teria ordenado operações da PRF que resultaram em blitzes concentradas na Região Nordeste, onde o presidente Lula da Silva obteve ampla vantagem de votos. A ação teria como objetivo dificultar o acesso de eleitores às urnas no dia 30 de outubro de 2022.

Durante o depoimento, Vasques alegou que o foco das fiscalizações era coibir crimes eleitorais, como o transporte irregular de eleitores e possíveis bloqueios de rodovias, e negou qualquer motivação política. "Tudo que a gente recebeu de determinação, eu entendi que a gente deveria acatar. Eu entendo que era o dever legal. Não vi na fala do ministro [Anderson Torres] nenhuma ilegalidade. Foi isso que a gente levou para a PRF", afirmou.

Dados da investigação apontam que o efetivo da PRF foi desproporcionalmente elevado no Nordeste: 795 agentes atuaram na região, número superior ao empregado no Sudeste (528), Sul (418), Centro-Oeste (381) e Norte (230). O total de ônibus fiscalizados na região também chamou atenção, 2.185, frente a 893 no Centro-Oeste e 571 no Sudeste, por exemplo.

O julgamento do núcleo 2 está previsto para o segundo semestre de 2025.

Autor(a): BZN



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