Economia

EXCLUSIVO: a descrição do diagnóstico de hipertrofia do miocárdio em João Paulo Diniz, que "costuma matar atletas"

01 AGO 2022

Nas páginas 54 e 55 do livro Caminhos e Escolhas – o equilíbrio para uma vida mais feliz, lançado em 2004 pelo empresário Abílio Diniz, considerado um dos bilionários brasileiros pela revista Forbes, o cardiologista Bernardino Tranchesi Júnior, amigo dileto do autor, descreve sobre o problema cardíaco que foi diagnosticado no filho João Paulo Diniz, que morreu na noite desse domingo (31), aos 58 anos de idade, vítima de infarto fulminante, após praticar exercícios físicos, na casa praiana da família no Condomínio Laranjeiras, em Paraty (RJ).

Obviamente que não se sabe ainda se a parada cardíaca tem relação ao diagnóstico feito quando ele ainda jovem, mas é interessante o resgate do relato feito por Tranchesi.

O médico informa que pelos filhos, Abílio Diniz "faz qualquer negócio, aguenta o que for. É um homem de muita fé". E considera que a fé levou à superação da doença alcançada por João Paulo.

Segue o trecho descrito pelo cardiologista:

- Teoricamente, o Abílio é autoritário. Mas só teoricamente. Ele sempre ouve o que uma pessoa lhe diz. Questiona, ouve outras opiniões e, se ele for convencido de que aquilo é o certo, toma como verdade. Aos seus filhos, por exemplo, ele nunca impôs nada: aceita que cada um escolha seu caminho. Por ter personalidade forte e se impor, a gente não espera que ele seja assim tão liberal com os filhos. Mas, por eles, faz qualquer negócio, aguenta o que for. É um homem de muita fé.

Eu acompanhei um caso muito grave pelo qual o João Paulo passou anos atrás. Ele teve diganoticada uma hipertrofia do miocárdio. Trata-se de uma doença congênita no coração que costuma matar atletas. No caso de João Paulo, que é um atleta, foi recomendado que não praticasse mais nenhum esporte. Nada. Nem atravessar a rua correndo ele podia, sob pena de morrer de um ataque fulminante. Você imagina que isso caiu como uma bomba naquela casa.

Fomos para os Estados Unidos e Alemanha com o garoto, e o diagnóstico era sempre o mesmo. Todo mundo era unânime. Mas João Paulo dizia que não ia parar de praticar esportes. E o Abílio só contemporizava - não queria ver o filho sofrer, pedia paciência, ia de médico em médico. Sempre com aquela pressa de resolver tudo voando. Por fim, pesquisei e mantive contato com a sumidade no assunto. Ele ficava em Washington. Fui junto para submeter o João Paulo a uns exames físicos superagressivos. A ideia era analisar se, sob batimentos altíssimos, seu coração fibrilava (sofria parada). 

Ele fez todos os testes, colocou o coração para lá de 500 batimentos e nada aconteceu. O médico especialista, ainda assim, disse que não recomendaria a prática de esportes a João Paulo. Mas eu arrisquei e tomei sob minha responsabilidade a decisão de deixá-lo ir fazendo esportes de pouco em pouco. 

O João Paulo chegou a participar até o Iroman, uma competição que prevê provas pesadíssimas, e nada aconteceu. Nos exames porteriores, o que vimos foi uma regressão impressionante da hipertrofia no seu coração até quase desaparecer. Sinceramente, foi uma graça que a família recebeu. Para mim foi a fé do Abílio que obteve esse efeito. Não tem explicação.

Autor(a): Eliana Lima



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