Muitas criticas aos jogadores portugueses que saborearam carne folheada a ouro no estrelado restaurante do chef turco Salt Bae, em Doha, capital do Catar, onde acontece a Copa do Mundo.

Já outros que defendem a liberdade individual dos atletas gastarem seus  muitos cifrões, frutos de muito trabalho e dedicação, da forma como bem entendem.

E os que hoje apontam os dedos para os craques brasileiros são os mesmo que silenciaram quando o ditador venezuelano Nicolás Maduro esteve no restaurante de luxo que o turco tem em Istambul, e promoveu para Maduro e a primeira-dama, Cilia Flores, seus caros gestos teatrais para salpicar sal na carne e servi-la, em setembro de 2018.

Ouve-se Maduro dizer "Isto é apenas uma vez na vida".

Na ocasião, Maduro, que fez escala na Turquia na volta da China, se jogou num privilegiado cordeiro. Enquanto o presidente baforou um charuto tirado de uma caixa gravada com seu nome, ele coberto por uma camiseta com a imagem do chef, a primeira-dama se serviu do cordeiro que Salt Bae cortou na mesa.

O registro se tornou viral nas redes sociais da Venezuela, onde usuários criaram memes e políticos opositores questionaram o presidente por almoçar em um restaurante luxuoso enquanto milhões de venezuelanos passam fome. Mas foi deletado.

Na Venezuela, em 2017, um estudo universitário indicou que quase dois terços dos venezuelanos perderam uma média de 11 quilos de seu peso, enquanto que 87% vivem na pobreza.

Do país, o povo foge da fome, da miséria, de perseguições políticas do ditador Maduro.

Em 2021, o país, segundo o FMI, ultrapassou o Haiti num quesito extremamente difícil: a pobreza. A Venezuela passou a ser o mais pobre das Américas. O PIB, em dez anos, ficou assustadoramente 81,8% menor.

A Anistia Internacional informou que entre 2015 e 2021 mais de 6 milhões de venezuelanos deixaram o país. É um dos maiores dramas migratórios do planeta.

Autor(a): Eliana Lima