19 AGO 2024
Reportagem de Andreza Matais e Júlia Affonso no UOL detalha sobre o favorecimento promovido pelo presidente Lula da Silva a municípios administrados pelo PT e aliados, “em alguns casos sem aval da área técnica ou justificativas detalhadas e com pedido de "prioridade" escrito à mão”.
Para gestões petistas e aliadas foram distribuídos nada menos que R$ 1,4 bilhão, desde a posse de Lula, em 2023.
Segundo a apuração, os municípios de Mauá, Araraquara, Diadema e Hortolândia, comandadas pelo PT em SP, e Cabo Frio e Belford Roxo, governadas por aliados no RJ, receberam mais verbas do que outros maiores ou com menor Índice de Desenvolvimento Humano Municipal.
As lupas do UOL identificaram que “as negociações partiram do gabinete do presidente e envolvem verbas próprias de orçamento dos ministérios da Saúde, Cidades, Educação, Trabalho e Assistência Social. A assessoria do Palácio do Planalto disse que o presidente recebe "líderes globais, lideranças sociais, empresariais, deputados, senadores e prefeitos" e que "os recursos são liberados pelos ministérios de forma documentada", mas não respondeu os motivos das cidades citadas terem recebido mais verbas”.
Detalha: “Repasses ocorreram sem aval da área técnica ou justificativas detalhadas, em valores maiores do que os solicitados e com pedido de "prioridade" escrito à mão”.
Advogados especializados em direito administrativo consultados pelo UOL veem indícios de tráfico de influência e improbidade administrativa nos repasses às prefeituras.
A apuração do UOL indicou que a destinação das verbas dos ministérios para aliados teve a participação do chefe de gabinete de Lula, Marco Aurélio Santana Ribeiro, conhecido como Marcola.
Ele é uma espécie de "faz tudo" e só não tem mais acesso a Lula do que a primeira-dama, Janja da Silva.
Desde o início do governo, Marcola se reuniu 33 vezes com prefeitos e secretários municipais no Palácio do Planalto — 22 delas com integrantes do grupo de seis prefeitos.
Nos encontros, que contaram também com assessores de ministérios, Marcola tratou até de liberação de verbas.
Além de Marcola, compõem a rede:
Mozart Sales, assessor especial do ministro Alexandre Padilha na SRI (Secretaria de Relações Institucionais);
Swedenberger Barbosa, o Berger, secretário-executivo do Ministério da Saúde;
Guilherme Simões Pereira, indicado por Guilherme Boulos (PSOL), deputado e pré-candidato à Prefeitura de São Paulo, para comandar uma secretaria do Ministério das Cidades.
A agenda de Mozart Sales registra 15 idas oficiais ao Ministério da Saúde em um ano e seis meses. Mas a portaria da pasta mostra que o assessor entrou 76 vezes no prédio, segundo informações obtidas via LAI (Lei de Acesso à Informação).
Autor(a): BZN