06 FEV 2024
Quando penso que o primeiro-casal do Brasil não mais me surpreende em falta de sensibilidade, eis que a foto publicasa por Janja da Silva nas redes sociais, nesta terça (6), impactou-me ainda mais.
Reforçada pela legenda-demagoga:
- A felicidade no rosto de quem agora tem moradia digna! Hoje, em Magé, foram entregues 832 unidades do Minha Casa, Minha Vida. Assim como a dona Ana, 3.328 pessoas foram beneficiadas diretamente e, depois de anos, finalmente realizaram o sonho da casa própria!
Que dignidade, Janja?
De acordo com dados do IBGE e Ibope em 2018, o Brasil somava cerca de 39 milhões de pessoas com próteses dentárias - uma em cada cinco delas entre 25 e 44 anos de idade.
Mais: 16 milhões de brasileiros vivem sem nenhum dente, e 41,5% das pessoas com mais de 60 anos já perderam todos.
Isso é resultado de ausência de saúde dental. Idem, educação, a base de tudo.
Quem lembra do ano de 1994, quando o Brasil foi considerado o país dos banguelas? O problema foi exposto diante do então tema escolhido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para reflexão no Dia Mundial da Saúde: saúde bucal. Na época, o Brasil concentrava 11% dos dentistas de todo o mundo e o maior número de faculdades de odontologia. Imaginem hoje.
Pois bem
O problema continuou após os governos do PT - Lula e Dilma - e persiste no…atual governo do PT. E, pela foto com a situação de dona Ana, com a boca revelando cáries e falta de dentes, a saúde bucal não é problema nacional.
Em 2013, Pesquisa Nacional de Saúde apontou que quatro a cada dez brasileiros perdem todos os dentes depois dos 60 anos. Na época, os pesquisadores Thiago Moreira, Marilyn Nations e Maria do Socorro Alves alertaram que nesse mundo de abismos, a questão dentária era a chave para compreender a desigualdade social e a pobreza no Brasil. Atentaram que a “pobreza é constituída por meio de uma combinação de renda e acesso à educação e à saúde. A condição dental precária é exemplar da pobreza porque é resultado de uma falência de uma série de eixos, como a condição financeira, o local de residência e o acesso à informação e à odontologia”.
É.
Autor(a): BZN