Cultura

Olha a moda potiguar Depedro na passarela da SPFW

09 JUN 2022

Foto: Ascom/Senai

Toda potiguar com olhar para o Seridó, a marca Depedro abalou nos holofotes da SP Fashion Week arrancando holofotes com suas peças em crochê e no bordado que destacam a coleção Audaz.

Fundador e estilista da marca, Marcus Figueirêdo conversou com alunos do curso de estilo do Senai-RN, integrante do Sistema Fiern, sobre a participação na semana de moda e a importância das consultorias do Senai Moda para o crescimento da marca Depedro. 

Disse:

- Foi essencial a ajuda que o Sistema S deu em nossa trajetória. Sempre estiveram do nosso lado apoiando em tudo o que fosse preciso. Se decido construir uma coleção sei que posso contar com a equipe do Senai para organizar o que é necessário. 

Pois bem

Coordenadora do setor de moda do Senai, Jéssica Cerejeira ressaltou que "essa é a missão das nossas consultorias: fazer com que as marcas cresçam e caminhem com as próprias pernas". 

Do aluno  Marcone Soares:

- A troca de experiências com uma pessoa que já está no mercado é super importante para entendermos como funciona esse sistema. Esse momento agrega na nossa formação justamente por essa aproximação com uma pessoa renomada na produção em moda. Além disso, tivemos que estudar sobre a marca e entender o contexto onde ela é inserida, o que também nos enriqueceu muito. 

Inverter 

"Nascemos e crescemos sendo obrigados a consumir moda de São Paulo. Hoje, eles que querem consumir nossa moda", comenta Marcus sobre a relação entre a moda regional, feita por marcas como a Depedro, e as tendências da moda nacional. 

Aos 36 anos, nascido em Caicó e criado em Ipueira, o estilista criou a marca em 2017, buscando sempre representar o lugar de onde veio. 

Chama atenção para a necessidade de um movimento conjunto das marcas. "Esse movimento tem que ser de mãos dadas. Não adianta eu crescer sozinho. Se eu não tiver comigo outras marcas, não vamos ter representação lá fora". 

Marcus diz que a principal missão do empreendimento é "tornar visível o que a vida toda foi invisível", e que "a moda do RN nunca foi vista como moda. Nunca tínhamos aparecido capas de revistas especializadas ou participado de semanas de moda. Por isso, se a marca acabar hoje, eu sei que cumpri com a minha missão, porque estampei capas, desfilei na SPFW e sempre fazendo o que é a moda da nossa região". 

Audaz 

Ao ser convidado para participar da SPFW N53, Marcus não deu resposta certa logo de início. Porém, devido às normas do evento, se recusasse o convite sofreria um embargo de dois anos sem desfilar. 

Diante desse cenário, conversou com as artesãs da marca e com sua irmã e sócia, Larissa Figueirêdo, para levantar a possibilidade de desfilar no evento. 

"As marcas normalmente fazem um caminho mais longo até chegar na semana de moda, participando de outros desfiles para amadurecer as coleções, mas nós não tivemos esse tempo para amadurecer. 'Pulamos' daqui para a SPFW N53", conta. 

Descreve:

- Particularmente, sempre penso em temas que estejam ligados ao Seridó, ao RN, ao Nordeste, porque é a fonte na qual eu bebo. Além de ser do Seridó, sou neto de uma avó bordadeira e outra costureira, então preciso mostrar o que eu vivi e o que eu sinto.

Pesquisando histórias sobre o RN, o estilista encontrou registros sobre o primeiro voo realizado ao Seridó potiguar, em 1928. O governador do estado à época, Juvenal Lamartine, foi um dos passageiros do Breguet XIV AV2, que inaugurou a pista de aviação de Acari em 16 de agosto daquele ano.

Para a coleção, definiu uma cartela de quatro cores. "O preto, que representa a seca do sertão nordestino; o marrom craft, que representa a terra de onde se tira o sustento; o verde das plantações; e encerramos com a estampa em azul e branco, que traz a prosperidade dos céus e da água", explica o estilista. 

O trabalho contou com a participação do artista plástico seridoense radicado na Califórnia Rasmussem Ximenes, o Mocó, que aceitou de pronto o convite e também serviu como fonte para a inspiração de Marcus. Isso porque o sogro de Mocó era aviador na década de 20, sendo um dos pilotos a voarem pelos céus seridoenses e aterrissar na pista de pouso de Acari, além de ter um acervo com textos e imagens da aviação na época. "Começamos a pensar nos traços e nos elementos. Chegamos à estampa com o avião Audaz, da Depedro, e as flores características da arte de Mocó", conta Marcus.

Autor(a): Eliana Lima



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