Natal despede-se nesta segunda-feira (8) de uma de suas figuras mais marcantes e sofisticadas: Maria Elenir Fonseca, 94 anos, que partiu em seu apartamento na Praia de Areia Preta, em Natal, no edifício que leva o seu nome. O prédio foi sua linda casa, símbolo de sua presença imponente, cenário de momentos memoráveis, quando recebeu a chamada alta sociedade potiguar em ocasiões que mesclavam cultura, elegância e vanguarda.

Mulher de espírito livre e pensamento avançado, Elenir foi declaradamente nietzscheana, uma colecionadora apaixonada por arte e, sobretudo, uma personalidade que ousou transgredir os rígidos conceitos do conservadorismo local. Sempre além do seu tempo, conseguiu ser, ao mesmo tempo, irreverente e respeitada, tornando-se a grande locomotiva do JET, grupo social que marcava a vida cultural e festiva da capital-potengi.

Em outubro de 2011, realizou a exposição “A Arte que Convivo”, na Galeria de Arte Newton Navarro, vinculada à Fundação José Augusto. Na ocasião, apresentou ao público parte de seu acervo pessoal de obras de arte. Foi lembrada, então, como uma mulher “elegante, charmosa, culta e criativa”, atributos que acompanharam sua trajetória e moldaram sua imagem no cenário cultural e social potiguar.

Maria Elenir Fonseca deixa um legado de ousadia, estilo e refinamento intelectual. Deixa os filhos Luis Neto, Cinthia, Márcia e Sheila. Era avó da consagrada cantora Roberta Sá, que herdou, em parte, a sensibilidade artística que sempre pulsou em sua vida.

Elenir viverá na memória de Natal como uma mulher de vanguarda, que fez de sua casa, de sua vida e de sua visão de mundo um palco para a cultura, elegância, estilo, ousadia, convivência e a beleza.

Autor(a): BZN