Saúde

“Síndrome de Burnout mostra que o próprio trabalho está adoecido”, diz CRP-RN

04 FEV 2022

Foto: Psicóloga Jéssica Queiroz - Divulgação

A Síndrome de Burnout, doença que causa o sentimento de exaustão e esgotamento, passou a ser oficialmente considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença de trabalho a partir da nova Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11), que entrou em vigor em 2022. De acordo com a OMS, a Síndrome é “resultante de um estresse crônico, associado ao local de trabalho, e que não foi adequadamente administrado.”

Segundo a entidade, há pelo menos três dimensões que a caracterizam:  a primeira delas é sentimento de exaustão ou esgotamento de energia; sentimentos de negativismo, cinismo e distanciamento mental do próprio trabalho; e, por último, a redução da eficácia profissional.

Além do excessivo cansaço mental e físico, devem ser observados fatores como o desequilíbrio do sono, dificuldades de concentração, esquecimento, desorganização do tempo, insegurança, sentimento de fracasso ou incompetência, e também sintomas físicos como aumento de peso pela má alimentação, dores musculares, dores de cabeça, pressão alta, problemas gastrointestinais, entre outros.

Em tempo

A psicóloga Jéssica Queiroz, mestre em Psicologia e membro-colaboradora da Comissão de Psicologia do Trabalho e das Organizações do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Norte (CRP-RN), chama a atenção para os múltiplos fatores. Segundo a profissional, é interessante que o diagnóstico seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar (médico psiquiatra, psicólogo) e que, além dos sintomas e das queixas, é preciso considerar fatores como condições de trabalho, capacidade produtiva, satisfação no trabalho e relações entre a equipe.

“Esta é uma síndrome em que a relação afetiva é diretamente impactada, então portar-se indiferente às demandas que chegam, ausências sistemáticas no trabalho, dores musculares sem razão aparente, mudanças bruscas de humor, irritação, ansiedade, são alguns elementos que merecem atenção quando passam a fazer parte da rotina”, afirma a psicóloga.

A psicoterapia aliada à atividade física e uma boa alimentação, momentos de ociosidade, lazer, boa alimentação, encontro com amigos, são alguns elementos essenciais, mas a psicóloga alerta que não podem ser consideradas como a única solução

Pandemia x Produtividade

O distanciamento social, o home office, e as demais mudanças advindas da pandemia se tornaram um agravante para o aparecimento do problema. Segundo Jéssica Queiroz, o produtivismo exigido pelas empresas, ou seja, a “produtividade pela produtividade” do mundo do trabalho contemporâneo não acompanharam as mudanças que a pandemia trouxe nas rotinas das pessoas.

“Em um cenário de caos como a pandemia não se reavaliou as prioridades ou as condições de saúde dos trabalhadores. Mantiveram-se, em maioria, os padrões de exigência de produção, adicionado as condições de trabalho insalubres diante das novas necessidades sanitárias”, comenta a psicóloga.

Mais

Diante disso, é necessário que as empresas ajam para que os funcionários não sejam acometidos por esta doença e/ou transtornos mentais no ambiente de trabalho. A psicóloga orienta de que forma as empresas, organizações e instituições podem agir para melhorar as condições de trabalho:

1.  Fortalecer os vínculos afetivos no trabalho;

2.  Rever metas;

3.  Rever rigidez da hierarquia;

4.  Valorizar a autonomia,

5.  Participação nas decisões;

6.  Estimular a criatividade;

7.  Garantir condições materiais de trabalho;

8.   Além de medidas de monitoramento coletivo, como: a realização de pesquisas, criação de comissão de prevenção, entre outros.


Autor(a): Redação



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