A Sotheby's em Londres está expondo peças do acervo da realeza britânica, algumas inéditas ao público, como parte das comemorações do Jubileu de Platina, que marcam os 70 anos de reinado de Elizabeth, completados no começo de fevereiro e seguem até o fim de 2022.

Entre as peças, a Sotheby's destaca a tiara de esmeraldas e diamantes da Rainha Victoria, projetada pelo seu marido, o príncipe Albert, em estilo neogótico, no ano de 1845, trabalhada pelo joalheiro Joseph Kitching pela quantia principesca de £ 1.150. 

Foi uma das muitas que o príncipe, admirador das artes, concebeu para a esposa ao longo dos anos. Esta era supostamente a favorita de todas, e, segundo a Sotheby's, é amplamente vista como uma das tiaras de pedras preciosas coloridas mais elegantes e suntuosas já criadas em qualquer lugar do mundo. 

Fica em exibição até 15 de junho, como parte da exposição “Victoria Revealed”.

O príncipe que não quis ser apenas consorte

Nascido Francis Albert Augustus Charles Emmanuel, no dia 26 de agosto de 1819, o Príncipe Albert era natural de Saxe-Coburg-Saalfeld, na Saxônia. 

De família muito influente, era primo da Rainha Victoria, com quem viria a se casar e tornar-se Príncipe Consorte da Inglaterra. 

Detalhe: ele e a esposa nasceram no mesmo ano, com o parto sendo realizado pela mesma parteira.

A rainha e o príncipe tiveram nove filhos. Tataravós da Rainha Elizabeth 2ª, foram casados por 21 anos, até a morte dele, em 1861, com apenas 42 anos, diagnosticado com febre tifoide, mesma doença que matou dois de seus primos, o rei Pedro V e o príncipe Fernando de Portugal. 

Albert não quis ser apenas o “marido da rainha”. Aproveitando sua educação privilegiada e talentos múltiplos, trabalhou para desconstruir esse legado dado aos maridos de rainhas. Pouco a pouco foi se tornando um dos personagens mais importantes da Era Vitoriana, como ficou conhecido o período de reinado da Rainha Victoria.

E foi conquistando espaço, causas e projetos. Ganhando respeito e admiração, considerado homem de visão. 

Apoiou a luta pela abolição da escravatura  nos países onde a prática ainda era legalizada. Na Inglaterra, a escravatura já havia sido abolida. 

E também deu conta do dever de  bom ‘dono de casa’,  administrando o dia a dia nas residências reais e organizando o escritório da rainha. Diante da sua eficiência, deve-se a ele a modernização das finanças reais.

Em 1840, o príncipe e a rainha sofreram um atentado, enquanto andavam de carruagem, por Edward Oxford. 

Dois anos depois, aconteceu o segundo atentado, sendo John Francis apontado como o responsável pelo ataque. Preso e condenado à morte, foi colocado em liberdade sem que a sentença tenha sido cumprida. Era época de muita revolta popular devido a extrema pobreza vivida por grande parte da população, embora nenhum dos ataques tenha sido diretamente relacionado a um ato político.

Auge

Das grandes iniciativas durante o reinado de Victoria, surgiu a Grande Exposição de 1851, a partir das obras de arte da Royal Society of Arts, que era presidida pelo príncipe. Para o grande evento, foi construído o Crystal Palace. Sucesso que fez a exposição dar origem ao Victoria and Albert Museum, o maior museu de arte decorativa do mundo e um dos principais museus de Londres.

Lançou aliança de noivado 

Quando o príncipe Albert deu à rainha um anel de noivado – costume incomum na primeira metade do século 19 -, lançou a moda que dura até hoje.

Também surgiu de iniciativa dele a troca de presentes que fazemos atualmente. O casal se presenteava a cada aniversário e a cada novo ano do casamento, assim como no Natal. O príncipe, sendo alemão, introduziu na Grã-Bretanha a tradição de ter uma árvore de Natal em casa.

Autor(a): Eliana Lima