15 SET 2025
O ministro Flávio Dino (STF) suspendeu, nesta segunda-feira (15), o repasse de emendas Pix em nove municípios e determinou o envio de informações à Polícia Federal (PF) para a abertura de inquéritos.
As decisões foram tomadas em duas ações que reforçam o controle sobre a aplicação desses recursos, frequentemente alvo de críticas por falta de transparência.
O que são as emendas Pix?
Criadas para agilizar transferências da União a estados e municípios, as emendas Pix não exigem vinculação a projetos específicos. A facilidade, porém, abriu espaço para irregularidades, conforme apontado por auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU).
ADIn 7.688
Na primeira decisão, Dino determinou a suspensão dos repasses onde há indícios de crimes, após relatório da CGU mostrar irregularidades em nove das dez cidades auditadas.
Entre os problemas detectados estão:
- Carapicuíba/SP – falhas em licitação;
- São Luiz do Anauá/RR – obras paralisadas;
- São João de Meriti/RJ;
- Macapá/AP – indícios de superfaturamento;
- Sena Madureira/AC – ausência de comprovação de entrega de produtos;
- Coração de Maria/BA – contratação de empresas sem capacidade técnica.
Segundo a CGU, apenas São Paulo apresentou conformidade plena no uso dos recursos. Entre 2020 e 2024, foram transferidos R$ 17,5 bilhões a estados e municípios via emendas Pix, beneficiando 95% dos entes federativos.
Dino determinou a continuidade das auditorias e o envio do material à PF, ressaltando que é preciso “separar o joio do trigo” e garantir direito de defesa antes da aplicação de sanções.
ADPF 854
Na segunda frente, o ministro ordenou o envio à PF dos dados de 148 planos de trabalho que receberam recursos sem cadastro adequado no sistema Transferegov, movimentando R$ 85,4 milhões.
No total, até setembro de 2025, havia 833 planos não cadastrados, sendo que em 685 casos (R$ 540 milhões) não houve liberação de verbas.
Além disso, Dino homologou o cronograma da CGU para auditar convênios da Associação Moriá, que recebeu R$ 14,8 milhões, e confirmou a implantação da Ordem de Pagamento da Parceria (OPP), a ser operacionalizada até março de 2026 como mecanismo extra de controle.
O ministro listou possíveis ilícitos a serem investigados pela PF: peculato, corrupção, emprego irregular de verbas públicas, prevaricação, entre outros.
Autor(a): BZN