08 NOV 2023
A Embaixada dos EUA no Brasil publicou nesta quarta (8) em seu site e redes sociais:
- Atualmente, o governo russo está financiando uma campanha de desinformação contínua e bem financiada em toda a América Latina. A campanha do Kremlin planeja aproveitar os contatos com veículos de imprensa na Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, México, Venezuela, Brasil, Equador, Panamá, Paraguai, Peru e Uruguai, entre outros países da região, a fim de realizar uma campanha de manipulação de informação destinada a explorar sorrateiramente a abertura da imprensa e do ambiente de informação da América Latina.
O objetivo principal do Kremlin parece ser disfarçar a fonte de sua propaganda e desinformação por meio de veículos de imprensa locais, de forma que pareça orgânica para o público latino-americano, e assim minar o apoio à Ucrânia e propagar o sentimento anti-EUA e anti-OTAN.
O que sabemos:
A Agência de Design Social (SDA), o Instituto para o Desenvolvimento da Internet e a Structura coordenaram o desenvolvimento de uma campanha de manipulação de informação visando a América Latina que pretende promover os interesses estratégicos da Rússia na região às custas de outros países, cooptando aberta ou secretamente os interesses da imprensa e de influenciadores locais para espalhar desinformação e propaganda. Essas são empresas de “influence-for-hire” (compra de influência) com profunda capacidade técnica, experiência na exploração de ambientes de informação abertos e um histórico de proliferação de desinformação e propaganda a fim de promover os objetivos de influência externa da Rússia.
Como deixa claro a Avaliação Anual de Ameaças da Comunidade de Inteligência dos EUA deste ano, os agentes de influência da Rússia têm adaptado seus esforços para se esconder cada vez mais e replicar suas mensagens preferidas por meio de um vasto ecossistema de indivíduos, organizações e sites intermediários russos que parecem ser fontes de notícias independentes. Moscou semeia histórias originais ou amplifica discursos populares ou divisivos pré-existentes, utilizando uma rede de agentes de meios de comunicação estatais, intermediários e influenciadores de mídias sociais e depois intensifica esse conteúdo a fim de penetrar ainda mais no ambiente de informação do Ocidente.
Essas atividades podem incluir a divulgação de conteúdos falsos e a amplificação de informações consideradas benéficas para os esforços de influência russos ou teorias da conspiração.
Agentes envolvidos
- Ilya Gambashidze, diretor da empresa russa de relações públicas conhecida como Social Design Agency, lidera um grupo maligno de agentes influenciadores composto por membros da SDA e da Structura visando conduzir uma campanha de manipulação de informação contra países latino-americanos.
- Além de Gambashidze, pessoas físicas envolvidas incluem, entre outras, o diretor do projeto SDA, Andrey Perla, o CEO da Structura, Nikolay Tupikin, e o jornalista pró-Kremlin Oleg Yasinskiy (nome alternativo: Yasinsky).
A mecânica da campanha:
- Um grupo formado por editores seria organizado em um país latino-americano, muito provavelmente no Chile, com vários indivíduos locais e representantes — jornalistas e líderes da opinião pública — de vários países da região.
- Uma equipe na Rússia criaria, então, o conteúdo e enviaria o material à equipe editorial na América Latina para revisão, edição e, por fim, publicação na mídia de massa local. Com efeito, esse processo de lavagem de informações faria com que o conteúdo pró-Kremlin criado na Rússia fosse “localizado” pela equipe latino-americana com curadoria e publicado em mídias locais para parecer orgânico.
- O Tradutor: o papel de editores linguísticos baseados em Moscou e proficientes na língua espanhola é parte integrante da campanha. Os editores costumam usar pseudônimos para ofuscar suas verdadeiras identidades e garantir que as informações sejam disfarçadas de uma forma que pareça orgânica para o público-alvo.
- Yasinskiy mantém e influencia uma vasta rede de jornalistas e meios de comunicação de língua espanhola e portuguesa para propagar mensagens pró-Rússia sem comprometer seus esforços a fim de assimilar mais naturalmente o conteúdo de mídias latino-americanas em benefício da SDA e da Structura.
- Embora as operações da rede sejam realizadas principalmente em conjunto com os veículos de imprensa de língua espanhola Pressenza e El Ciudadano, uma rede mais ampla de fontes da imprensa está à disposição do grupo para ampliar ainda mais as informações.
A mão oculta do Kremlin:
- Os temas e métricas de sucesso das campanhas foram desenvolvidos em conjunto e sob a orientação do governo russo, com Gambashidze, Perla e Tupikin assumindo um papel de liderança em seu desenvolvimento.
- Controlar a narrativa pró-Kremlin é um aspecto importante na construção da campanha de influência focada na América Latina. Para isso, o CEO da Structura, Tupikin, garante que os temas permaneçam em questões prioritárias para o Kremlin.
- Os temas das operações se concentram principalmente na tentativa de persuadir o público latino-americano de que a guerra da Rússia contra a Ucrânia é justa e que podem se unir à Rússia para derrotar o neocolonialismo.
- Esses temas se alinham com a falsa narrativa mais ampla da Rússia de que é um campeão contra a neocolonialização, quando na realidade está envolvida no neocolonialismo e no neoimperialismo em sua guerra contra a Ucrânia e em sua extração de recursos na África.
- Há esforços coordenados entre embaixadas russas na América Latina e veículos de imprensa financiados pelo Estado para aumentar as mensagens pró-Kremlin, difundir narrativas anti-EUA e desenvolver parcerias entre os meios de comunicação estatais russos, veículos de comunicação e estações de rádio locais, embaixadas de outros países considerados pró-Moscou na região e jornalistas locais.
Autor(a): BZN