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Litorais norte e sul: famílias tradicionais versus novos ricos

17 JAN 2025

Foto: ChatGPT/BZN

No passado bem recente, os alpendres de verão eram palcos de estratégias políticas alinhavadas por mentes brilhantes em uma sinfonia de inteligência no tabuleiro de xadrez, com palavras cuidadosamente escolhidas para moldar caminhos políticos que poderiam redefinir o futuro.


No presente do imediatismo, os alpendres deram vez a imponentes decks e as articulações se misturam ao som de bandas que ecoam as músicas medonhas entoadas nas vozes festeiras e nos rebolados ensaiados. Cenário somado à disputa de quem pode mais em seus barcos que mais parecem mini-iates, digamos assim.


Cenário esse, diga-se, comum no litoral sul, com as faustosidades que marcam, intensificadas a cada ano novo, o veraneio, notadamente nas praias que ostentam os belos nomes Pirangi e Búzios. É o paraíso dos chamados novos ricos. Evidentemente com a presença que permanece de famílias tradicionais do já tão reduzido tempo glamoroso.


E assim continuam as tentativas dos abastados do sul de conquistar um espaço ao sol dos elegantes por natureza. Mais um ano em vão. Enquanto isso, os naturalmente  alinhados brindam mais um verão no litoral norte com ausência de afetação e presença da inerente sofisticação. Especificamente nas praias de Jacumã e Muriú.


No norte, ao contrário dos ostentosos barcos do sul e suas potentes caixas de som que artomentam os peixes e corais dos chamados parrachos, as famílias tradicionais aproveitam a badalada piscina  natural, que deram o nome de ‘buraco da veia’, em catraias, barcos no tamanho lógico para o ambiente.


As festas no norte são regadas às melhores borbulhas, que são as devidamente geladas. As mesas são sempre elegantemente postas, sem precisar de postagens. Os tradicionais são notícia pela importância na sociedade, não precisam se exibir como colunistas de si próprios nas redes sociais.


Por mais que se tente, não há fortuna que alcance o glamour elegantemente natural da República de Jacumã. Nem comprando imponente imóvel na praia. Os álbuns de bebê são como legado cultural e social de gerações que repassam suas influências de comportamentos característicos.


E assim continua o cenário do dinheiro novo versus a elegância inerente. 


 

Autor(a): Eliana Lima



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