18 SET 2025
A saúde pública no Rio Grande do Norte atingiu um patamar de colapso que não pode mais ser ignorado. Alô, Ministérios Públicos! O desespero de um médico plantonista do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, a maior referência em urgência e emergência do estado, ecoou nas redes sociais como um grito de socorro: “Não venham para o Walfredo, não sofram acidente, façam de tudo para não precisarem deste hospital”. Esta não é apenas uma denúncia isolada, mas o reflexo de uma realidade brutal de falta de insumos, estrutura precária e condições mínimas para o atendimento digno da população.
Diante da repercussão, o secretário estadual de Saúde, Alexandre Motta, gravou um vídeo em frente ao hospital tentando explicar o inexplicável. Pior: confirmou a tragédia anunciada: os dois tomógrafos do hospital estão quebrados. Justifica que um seria consertado em breve e o outro dependia de peça importada, mas garante que “nenhum paciente deixou de fazer exame, pois estão sendo transferidos para o Hospital Deoclécio Marques”.
Ora, como é possível garantir um atendimento seguro e eficaz a pacientes em estado grave ou crítico, que muitas vezes não podem ser transportados sem risco iminente de morte? A dependência de outras unidades para exames essenciais revela a fragilidade de um sistema que deveria ser autossuficiente em sua principal referência. A ausência de um plano de contingência robusto, contratos de manutenção confiáveis e a garantia de reposição imediata de equipamentos vitais são falhas inaceitáveis que colocam em xeque a capacidade de resposta do hospital diante das emergências mais complexas.
A crise na saúde estadual se soma também à falta de insumos cirúrgicos, materiais básicos e o atraso no pagamento de prestadores de serviços, que comprometem setores inteiros do hospital, gerando um efeito cascata que paralisa o atendimento e desmotiva os profissionais.
O caos no Walfredo Gurgel não é um incidente isolado, mas um sintoma de uma falência sistêmica. Recentemente, a trágica morte de uma criança no Hospital Maria Alice Fernandes, devido ao fechamento da UTI por falta de insumos, serve como um doloroso lembrete das consequências diretas dessa má gestão.
Autor(a): BZN