04 JAN 2024
O ministro Alexandre de Moraes (STF) foi o entrevistado da estreia da série de reportagens que a Globo lançou sobre o dia 8 de janeiro de 2023. Ele diz que a investigação desvendou três planos contra ele, e um deles era prendê-lo e enforca-lo.
Mas diz que após a posse do presidente Lula, ele viajou com a minha família para a Europa e estava em Paris dia 8 de janeiro.
Diz que soube pelo filho das imagens de pessoas invadindo o Congresso e imediatamente ligou para o ministro Flávio Dino (Justiça) questionando como os conseguiram entrar, se ficou acordado em reunião de órgãos de segurança a proibição da entrada de manifestantes na Esplanada dos Ministérios.
Mais grave: afirma que 100 pessoas das Forças Especiais de Goiânia iriam para Brasília prende-lo e no meio do caminho matariam-no. E que houve planejamento para sua prisão com monitoramento dos seus passos pela Abin.
Pois é, muitas perguntas não querem calar e que a investigação a qual o ministro fala não esclarece. Principalmente após as imagens reveladas por câmeras de segurança internas em que mostram manifestantes circulando tranquilamente entre o então comandante do GSI, general Gonçalves Dias, e demais autoridades. Outras imagens tomaram doril. Ou seja: sumiram.
Diante das graves revelações do ministro, as perguntas que não podem ficar sem respostas, que a reportagem da Globo evitou:
- Quem planejou matar e enforcar Moraes e quais as provas de plano tão medieval?
O ex-deputado federal Deltan Dellagnol, retirado da política apesar de eleito nas uras, também questiona:
- Essas pessoas já foram denunciadas pela PGR e condenadas nos julgamentos do 8 de janeiro? Por que não soubemos dessas pessoas até agora?
- Se o ministro era a vítima desses crimes, ele não deveria se declarar suspeito de julgar quem queria matá-lo?
- Essas novas informações não colocam o ministro sob suspeição para julgar todos os réus do 8 de janeiro, já que segundo entendimento do próprio STF, todos estavam ali em turba com um único objetivo, de dar um golpe?
- Como o ministro responde as críticas de que os réus do 8 de janeiro estão sofrendo abusos judiciais, como violação do juiz natural, ausência de conexão com pessoas com foro privilegiado, prisões preventivas alongadas, ausência de provas e de individualização de condutas e penas exageradas?
- Aliás, até hoje o STF não apresentou uma única pessoa com foro privilegiado que tenha participado dos atos do 8 de janeiro, a fim de justificar a conexão com os demais réus sem foro privilegiado. O ministro saberia dizer quem são as pessoas com foro privilegiado que atraem a competência da corte para julgar os demais réus do 8 de janeiro?
- Por que o ministro não apreciou em tempo o pedido de soltura de Clezão, que tinha parecer favorável da PGR? Como responde as críticas de que a demora para decidir acarretou na morte de Clezão?
- Por que, logo após a morte de Clezão, o ministro soltou vários réus presos do 8 de janeiro que também tinham parecer favorável de soltura da PGR? Isso não é uma prova de que essas pessoas ficaram presas de forma excessiva e ilegal?
- Quando serão encerrados os inquéritos ilegais que tramitam no Supremo há mais de 5 anos? Como o ministro justifica a existência dos inquéritos após o fim dos prazos legais?
- E por fim, dar entrevistas sobre casos em julgamento não gera a suspeição do juiz? Como o ministro responde a essa questão?
Autor(a): BZN